Quanto custa criar um filho até os 18 anos?


O roteirista e apresentador Dante Baptista mudou sua rotina após o nascimento de sua primeira filha com a esposa Rosana. Após gastar cerca de R$100 mil em tratamento de fertilidade, o casal foi surpreendido pelos altos custos da criação da filha, que subiram em torno de 50%. Para cobrir os gastos, Baptista passou a trabalhar em dois empregos, totalizando 12 horas por dia ou mais. Ele afirma que todo o esforço vale a pena, mas sabe que a jornada financeira é longa. Um estudo realizado pelo Insper a pedido do Estadão mostra que criar filhos no Brasil é uma barreira financeira para a classe média, com custos que variam de R$ 480 mil a R$ 3,6 milhões, dependendo da renda da família. O levantamento aponta que os gastos com os filhos representam, em média, 30% da renda das famílias e considera custos como alimentação, roupas, lazer, educação, saúde e parte das despesas comuns, como aluguel. O estudo ainda reforça os aspectos desiguais do Brasil, já que o investimento na criação dos filhos aumenta em função da renda familiar.

A chegada do primeiro filho mudou significativamente a rotina do roteirista e apresentador Dante Baptista. Ele passou a trabalhar em dois empregos para cobrir os custos financeiros decorrentes do nascimento de sua filha com a esposa Rosana. O casal teve que gastar cerca de R$ 100 mil em um tratamento de fertilidade, e apesar de terem se preparado financeiramente, ainda tiveram um choque com o aumento dos gastos da família em 50%. O custo aumentou ainda mais quando a filha começou a ter uma alimentação sólida, e eles tiveram dificuldades para reduzir suas despesas.

Baptista passou a trabalhar 12 horas por dia ou mais para cobrir todos os gastos e construir uma reserva financeira para a educação da filha. Embora ele considere que todos esses custos valem a pena, ele sabe que a jornada financeira é longa. No Brasil, especialmente nas grandes cidades, onde o custo pode ser até 50% mais alto em relação às demais cidades, criar um filho até os 18 anos tornou-se uma barreira financeira milionária para a classe média.

Um estudo conduzido pelo Insper a pedido do Estadão, coordenado pela professora e coordenadora do curso de economia do instituto, Juliana Inhasz, mostra que o gasto estimado para criar um filho varia entre R$ 480 mil e R$ 1,2 milhão para famílias que integram a classe C, com renda familiar mensal de R$ 5.281 até R$ 13,2 mil. Na classe B, com renda mensal entre R$ 13.201 e R$ 26,4 mil, o gasto varia de R$ 1,2 milhão até R$ 2,4 milhões. Na classe A, os custos começam em R$ 3,6 milhões e continuam a subir de acordo com a renda familiar.

O levantamento foi construído com base nos dados de classe de renda do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e aponta um gasto médio de 30% da renda das famílias com os filhos. A lista de custos considera, por exemplo, alimentação, roupas, lazer, educação, saúde e parte das despesas comuns como aluguel. No entanto, quem tem mais de um filho tende a ter uma diluição dos custos.

O estudo também mostra que o gasto na criação dos filhos aumenta em função da renda familiar, o que reforça a desigualdade social no país. Para as famílias mais ricas, o investimento em educação e lazer é significativamente maior, o que pode contribuir para a perpetuação da desigualdade no futuro.

Em meio a esses desafios, muitas famílias têm dificuldades para pagar pelos custos da educação dos filhos. Helvânia Ferreira Aguiar, uma produtora de conteúdo de 50 anos, teve que usar todo o seu salário para pagar pela educação dos filhos durante a pandemia. Seu marido, dono de uma agência de comunicação, perdeu quase todos os clientes e ficou com despesas mais gerais, como aluguel

O levantamento do Insper mostra que o investimento na educação dos filhos é um fator que reforça a desigualdade social no Brasil. Os pais de alta renda têm mais recursos para investir em escolas particulares de prestígio, aulas particulares, cursos extracurriculares e outras atividades que podem contribuir para o sucesso acadêmico de seus filhos. Por outro lado, os pais de baixa renda muitas vezes têm que depender de escolas públicas de qualidade questionável e não têm recursos para investir em outras atividades que podem ajudar no desenvolvimento de seus filhos.

Além disso, o levantamento do Insper aponta que a criação dos filhos é uma das principais razões para a redução da taxa de poupança das famílias brasileiras. Muitas famílias têm que gastar a maior parte de sua renda com os filhos, deixando pouco espaço para economizar e investir em outras áreas, como aposentadoria e saúde.

Diante desse cenário, é importante que as famílias brasileiras sejam conscientes sobre os custos envolvidos na criação de um filho e façam um planejamento financeiro cuidadoso antes de decidir ter filhos. É preciso considerar não apenas os custos imediatos, como fraldas e alimentação, mas também os custos a longo prazo, como educação e saúde.

Além disso, o governo brasileiro deve investir mais em políticas públicas que possam ajudar as famílias a reduzir os custos envolvidos na criação dos filhos. Isso pode incluir a expansão da rede de creches públicas e a oferta de bolsas de estudo para crianças de baixa renda em escolas particulares de qualidade.

Em resumo, a criação dos filhos é uma jornada que envolve muitos desafios, incluindo os desafios financeiros. É importante que as famílias brasileiras sejam conscientes dos custos envolvidos e façam um planejamento financeiro cuidadoso para garantir que possam oferecer uma boa qualidade de vida para seus filhos sem comprometer seu próprio bem-estar financeiro.

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